terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Extraído do conto "Bêbado interurbano"

"Francine virou-se para ele e ele passu o braço em torno dela. Os bêbedos das três horas da manhã, em todos os Estados Unidos, fitavam as paredes, depois de terem finalmente desistido. Não era preciso ser bêbedo para se machucar, para cair sob a mira de uma mulher; mas a gente podia se machucar e se tornar um bêbedo. Você podia pensar por algum tempo, sobretudo quando era jovem, que estava com sorte, e às vezes estava mesmo. Mas havia todo tipo de médias e leis em ação das quais você nada sabia, mesmo quando imaginava que tudo ia indo bem. Uma noite, uma quente noite veranil de quinta-feira, você se tornava o bêbedo, você estava lá fora, sozinho num quarto de aluguel barato, e por mais que tivesse visto isso antes, não diantava, era até pior, porque você tinha pensando que não teria de enfrentar aquilo de novo. A única coisa que podia fazer era acender mais um cigarro, servir outra bebida, examinar as paredes descascadas em busca de olhos e lábios. O que homens e mulheres se faziam uns aos outros estava além da compreensão."

Autor: Henry "Charles Bukowski"

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