segunda-feira, 16 de julho de 2012

...Da vida

Putas, prostitutas, para mim queridas!
Tomo de sua saliva,
e do mel entre suas pernas!
Quengas, cortesãs, para mim amigas
Me oferecem o ouvido, o ombro
e todo o resto do corpo!
Concubinas, rameiras, para mim Mulheres!
No ápice do gozo,
teu prazer, meu consolo!
Queridas, amigas, mulheres, guerreiras...
Guerreiras, onde tomo com prazer goles de vicio,
e me lambuzo com vicio em goles de prazer!

Autor: G. Cardoso

O porto

Um porto é uma morada para um coração
cansado das lutas diárias.
A amplidão do céu, o movimento dançante
das nuvens, as cores em metamorfose do mar,
o brilho dos faróis, criam um prisma
admiravelmente próprio, para divertir
os olhos sem jamais aborrecê-los.
As formas arremessadas dos navios,
os complicados detalhes de seus mastros
complicados, que as ondas fazem oscilar
em harmonia, alimentam na alma o gosto
pelo ritmo e pela beleza.
O porto tem, também, especialmente, um
tipo de prazer misterioso e aristocrático para
quem não tem qualquer curiosidade ou ambição
em contemplar, deitado no mirante, ou apoiado
sobre o muro do cais, todos os movimentos
dos que partem e dos que chegam, dos que
têm força de vontade e desejo de viajar
ou de enriquecer.

Autor: Charles Baudelaire
Pintura: Mario Vale