quinta-feira, 26 de abril de 2012

Arma, pôquer e bordel!


Era uma noite de sexta feira qualquer, como qualquer outra! Eu estava em um bordel da cidade, alguns chamam de “brega”, outros de “puteiro”, para mim é apenas mais um bar noturno, onde você pode pagar para ter alguns minutos de prazer com alguma garota, se assim desejar!
            Naquele momento minha cabeça não estava em nenhuma garota daquele recinto, e sim, no meu copo de cerveja, que deliciosamente tomava enquanto por diversão jogava pôquer com alguns desconhecidos!
            Eu nem prestava atenção naquele jogo, estava apostando baixo, jogava apenas por pura diversão mesmo, para matar meu tempo, estávamos em quatro pessoas, todos estavam nervosos menos eu, quando olho em minhas cartas e vejo uma possibilidade de um Full House (trinca+par), naquele momento os dois que estavam ao meu lado desistiram quando o desconhecido da minha frente aumenta a aposta, eu aceito e dobro, nitidamente o vejo nervoso, pois quando vira as cartas era apenas um blefe, olhei em seus olhos e descobri que desejava bem fundo que eu também estivesse blefando, mas não foi assim, eu virei às cartas e lá estava, o lindo Full House, rapidamente peguei o dinheiro que estava na mesa, não tinha almejado ganhar nada ali, mas como tinha ganho, fiquei bem contente, resolvi que pagaria uma rodada para os jogadores que estavam sentados na mesa comigo, e sairia do jogo afim de ir para o quarto com uma das garotas que trabalhavam naquele recinto, mas não foi tão simples, pois o desespero tomou conta do adversário que sentava de frente comigo, ele sacou de uma arma de fogo, era um calibre 38, cromado com o cabo branco, linda arma, mas eu sinceramente não gosto de armas, então ele grita com a arma apontada para mim: - Ninguém sai, se sair alguém eu atiro, falo muito serio.
            Não pude conter um sorriso quando ele disse “ninguém sai”, pois lembrei de um conto que tinha lido do Fernando Veríssimo, “O pôquer interminável”, então eu sorri e disse: - já que é tão convincente eu jogo mais uma rodada.
            Novamente estávamos jogando, desse vez até eu estava serio, a arma estava na mesa ao seu lado, os adversários do lado desistiram de novo, e eu novamente tinha um Full House na mão, aceitei sua aposta, dessa vez ele não blefava, e estava muito contente com seu jogo, foi quando virei meu Full House, e ele completamente abalado, pega a arma de novo, todos no bordel se assustaram, achavam que agora ele me matava, e ele gritava: - Isso só pode ser roubo, é empiricamente impossível dois Fulls em seguida.
             Ele gritava histérico, mas de repente ficou serio e imóvel, me assustei muito quando ele disse: - Será que realmente Jesus existe? Ele nem ao menos perguntou se eu era cristão.
            Atirou...
            No primeiro instante todos gritavam e se abaixavam, depois silencio total, pessoas nos rodeavam para ver o acontecido, ele havia tirado a arma da minha mira e colocado em seu queixo, disparou de baixo para cima, não foi uma coisa muito bonita de se ver, eu estava ali estático, quando de repente começo a rir, e não consigo parar, as pessoas talvez pensassem que fosse por causa do choque, mas não era, não saia da minha cabeça o conto  “O pôquer interminável”.

Autor: G.Cardoso

Pôquer Interminável


Cinco jogadores em volta de uma mesa. Muita fumaça. Toca a campainha da porta. Um dos jogadores começa a se levantar.
Jogador 1 - Onde é que você vai ? Ninguém sai.
Os outros - Ninguém sai. Ninguém sai.
Jogador 2 - Bateram na porta. Eu vou abrir.
Jogador 1 - A sua mulher não pode abrir ?
Jogador 2 - A minha mulher saiu de casa. Levou os filhos e foi pra casa da mãe dela.
Jogador 1 - Sua mulher abandonou você só por causa de um joguinho de pôquer ?
Jogador 2 - É que nós estamos jogando há duas semans.
Jogador 1 - E daí ?
Jogador 2 - Ela disse: "Ou os seus amigos saem, ou eu saio".
Jogador 1 - Ninguém sai.
Os outros - Ninguém sai. Ninguém sai.
(A campainha toca outra vez. O dono da casa vai abrir, sob o olhar de suspeita dos outros. É um garoto. O garoto se dirige ao Jogador 1.)
Garoto - A mãe mandou perguntar se o senhor vai voltar pra casa.
Jogador 1 - Quem é a sua mãe ?
Garoto - Ué. A minha mãe é a sua mulher.
Jofador 1 - Ah. Aquela. Diz que agora eu não posso sair.
Os outros - Ninguém sai. Ninguém sai.
Garoto - Eu trouxe uma merenda para o senhor.
Jogador 3 - Epa. O golpe do sanduíche. Mostra !
Jogador 5 - Vê se não tem uma seqüência dentro.
Jogador 1 - Não tem nada. Só mortadela.
Garoto - A mamãe também mandou pedir dinheiro.
(Todos os jogadores cobrem suas fichas.)
Todos - Ninguém dá. Ninguém dá.
Jogador 1 - Diz pra sua mãe que eu estou com um four de ases na mão. Como ninguém vai ser louco de querer ver, a mesa é minha e nós estamos ricos.
Jogador 4 - Se você tem um four de ases então tem sete ases no baralho, por que eu tenho trinca.
Jogador 1 - Diz pra sua mãe que o cachorrão falhou.
(Toca o telefone. O dono da casa se levanta para atender.)
Jogador 3 - Mas o quê ? Não se joga mais ? Ninguém sai.
Os outros - Ninguém sai. Ninguém sai.
(Apesar dos protestos, o dono da casa vai atender o telefone. Volta.)
Jogador 2 - Era a mulher do Ramiro dizendo que o nenê já vai nascer.
Jogador 4 - Meu filho vai nascer. Tenho que ir lá.
Jogador 1 - Ninguém sai.
Os outros - Ninguém sai. Ninguém sai.
Jogador 4 - Mas é o meu filho.
Jogador 3 - Você vai pro batizado. Quem é que joga ?


Autor: Luís Fernando Veríssimo

domingo, 8 de abril de 2012

Destilado Coletivo!

1) O homem é o dono do seu próprio tempo. Tempo que tempo?
2) Livre, leve e louca
3) Após alguns copos de vinho ela quer se divertir.
4) Depois dos primeiros destilados, pensei, por favor alguém me pague mais uma,
5) Minha garrafa de vodka esta no fim.

Autores: 1) Johnny, 2) Marisa C., 3)Mirella S. 4) G.Cardoso 5)Flavio Antunes Soares.

Obs: esse coletivo foi feito em um surto dadaísta, mas com outro método, cada um escreveu sua frase sobre o assunto recorrente sem que ninguém soubesse a fresa do outro, depois sorteamos a sequencia, e surgiu essa linda poesia!

contribuição de Beto Soares (leia como continuação)
6) Quando o home chega no seu limite
quando o homem, já experimentou o vinagre e o vinho
e quando ele já andou pelo céu e viveu no inferno,
o mundo no qual vive fica insuportável de viver
e as pessoas insonsas. E eu deste lada do mundo continuo a respirar e inspirar.

Obs: a contribuição do Beto Soares, não se classifica com o resto da poesia, ele leu para acrescentar seu comentário  por isso esta separado.